Agricultores familiares e representantes de instituições ligadas aos povos indígenas, quilombolas e do movimento das quebradeiras de coco, além de estudantes, pesquisadores estarão reunidos, a partir desta quarta-feira, 16, para discutir a produção e valorização das sementes crioulas. Trata-se do Encontro Estadual sobre Sementes Crioulas, idealizado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF), que se realiza na sede da Fetaema, no Araçagy.
Durante o encontro serão relatadas experiências da produção deste tipo de semente e sua viabilidade para a autonomia das comunidades produtoras. As discussões prosseguem até sexta-feira, 18.
O debate se faz necessário considerando a importância do resgate dessa cultura, destaca o titular da SAF, Adelmo Soares. “Esta iniciativa é uma solicitação dos próprios produtores e entidades de referência, uma vez que foi observada a possível perda desta cultura. E devemos pensar também que a perda desta cultura soma para restringir cada vez mais os direitos dos pequenos e médios agricultores, em detrimento do agronegócio”, explicou o secretário. Ele avalia que há a necessidade de encontrar alternativas para o segmento e resgatar esse cultivo é uma dela.
As sementes crioulas surgiram naturalmente e com o passar dos anos se adaptaram às diversas condições de clima, de solos e se tornaram resistentes a pragas e outros problema comuns das plantações. Com o estímulo a este cultivo, além de garantir sementes em tempo hábil aos produtores, o Estado estará protegendo o patrimônio genético vegetal e resgatando a cultura e os valores dos seus povos. Estudos da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural do Maranhão (Agerp), conseguiram identificar a demanda de sementes e garantir o quantitativo necessa´rio para ser distribuído aos agricultores familiares de baixa renda.
Além da apresentação deste estudo da Agerp, o encontro vai permitir o intercâmbio dos diversos segmentos relacionados com o cultivo destas sementes crioulas. A coordenadora destaca que esse processo passa pela formulação de políticas e leis que propiciem o cultivo e protejam as sementes. “O Governo do Estado possui um cronograma de ações com esta finalidade e durante o encontro estaremos colocando estas e outras demandas dos segmentos na pauta de denates”, enfatiza Silmara Sousa.
O Maranhão pretende se igualar a estados como como a Paraíba, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, no que refere à valorização destas sementes e políticas de proteção. O primeiro passo já foi dado com a elaboração do Plano Estadual de Sementes, que está em curso; e a implantação de unidades didáticas de multiplicação das sementes crioulas – projetos que serão discutidos durante o encontro. O mapeamento das áreas de resistência de sementes crioulas e a promoção de eventos para sensibilizar a sociedade são outras medidas da gestão incluidos no programa de resgate desta cultura.
Os benefícios do cultivo das sementes crioulas para os produtores são inúmeros. Com este resgate, os agricultores terão sua autonomia reestabelecida, deixam de depender apenas de políticas públicas de distribuição de sementes, terão sementes na época correta para o plantio e uma alimentação mais saudável, pois essas sementes não precisam de agrotóxicos nem adubos químicos.
ASCOM/MA com edição do Capital do Leste

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